Histórias, lendas e as nossas sociedades
Julius Caesar com uma coroa de folhas
de oliveira.
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Hoje eu vou escrever sobre histórias e lendas da
Espanha. Mas primeiro que nada, eu quero expresser a minha tristeza
pelo que aconteceu e está a acontecer no meu país desde há já muito tempo, e
em particular no domingo 1 de outubro – Catalunha quer tornar-se
independente,. Isto com certeza é algo muito delicado e traz muitos problemas
políticos, económicos e principalmente sociais. Eu não quero entrar em detalhes,
nem sequer dar a minha opinião porque eu adoro ao meu país - Espanha. Eu acho
que o que eu posso fazer só é compartilhar este escrito que dedico de coração no meu país, portanto também estas são histórias, lendas e
narrações da Espanha.
A oliveira, símbolo
da imortalidade.
Eu gosto muito desta lenda porque não é só uma lenda mas
também uma verdade e a comparo com a nossa sociedade que sempre se pode regenerar
se nós quisermos.
A oliveira tem a capacidade de se regenerar repetidamente,
produzindo novos rebentos que dão vida, e graças aos quais, ela pode sobreviver à ação do fogo. Por sua força e longevidade, os gregos consideravam-na um
símbolo de imortalidade. Por isso, eles entregávam uma coroa de folhas de
oliveira aos atletas que ganhávam glória em alguma competição.
Terras de oliveiras
em Espanha – mesma família, mesma gente.
Na época dos nossos avós, a compra e venda da terra da
oliveiras tinha que ser feita no mesmo campo que era o objeto do acordo. Assim,
o antigo proprietário poderia apresentar ao novo dono as oliveiras, e desta
maneira as oliveiras se familiarizávam com ele. Em caso contrário, as árvores
eram mais propensas a se recusar a servir o novo proprietário da terra - elas
pensariam que o novo dono era um estranho.
Santo António de Pádua
– uma tradição.
A tradição diz que Santo António de Pádua encantou todos os
tipos de pássaros com o seu discurso. Ele era o amigo do público, por tanto algumas mulheres
foram confiadas a ele e lhe ofereciam velas para encontrar um marido. Se o Santo não respondia, então as mulheres faziam-lhe zombaria. Elas colocávam uma imagem do São
António de cara para a parede ou de cara para baixo. Elas até o colocávam no
fundo de um poço, dentro de um balde, em água fria, por alguns dias, e assim o
musgo fazia o Santo mais gratificante.
Arqueologia e vinho
tinto. Uma narração muito interessante.
A outra noite fou a Vilafranca. Esta população da Catalunha tem um dos
nomes que preenche muito a boca e o coração. Quando se pronuncia a palavra
Vilafranca pensa-se numa pastagem de terra em negrito e compacta,
coberta de flores e pedregulhos e barris de vinho. Chega aos teus ouvidos a
canção de São Ramon Nonat, que devia ser um homen com uma barba desgranhada, com
olhos cheios de teias de aranha de sangue e com um coração grande, impregnado
de mistério, como uma vinha deitada no sol.
Pense no bispo Torras e Bages, o filho de Vilafranca como
São Ramon, com aquele imenso rosto de fazendeiro de tragédia, com sobrancelhas
e uma boca que lutaram para ver quais desses elementos do rosto humano deram
mais exuberância.
Pense no bispo Morgades, sem um grão de pó de batina, frio,
reverente e arqueológico.
Pense noutros homens, mais bispos do que os bispos, como o
monstro Milà e Fontanals, que lhe chamávam a "baleia literária" e ia
pela sua casa com uma camisa de cor da menta, umas calças com tiras e
discordadas; que estava cercado por pulgas e livros antigos e que colocava como
ponto de leitura a primeira coisa que lhe chegava na mão - como um selo de São Magin
ou um autêntico arenque.
Esta gloriosa, teológica e reacionária população de
Vilafranca representa uma das fontes mais alcoólatras na nossa cultura e nossa
tradição.
O sal
Outra narração e outra verdade. Eu também gosto muito desta
história porque eu acho que deveríamos aplicá-la mais as nossas vidas. Vamos
todos pôr o nosso grão de sal.
Isso acontecia em tempos muito distantes, em que as pessoas
humildes eram realmente pobres e passaram fome e miséria. Mesmo o sal era quase
como um item de luxo, porque o rei tinha posto um imposto muito alto, e os
contrabandistas de sal foram perseguidos pela justiça e, se eram apanhados, eles
iam para a fila nas galeras.
Um anoitecer de inverno, numa casa que era quase uma
caravana, que estava à beira da floresta, um casal pobre estava perto da
lareira. Eles estavam a cozinhar sopa, que era tudo o que tinham para jantar
nesse dia. Mas enquanto o homem esperava pacientemente para a panela ferver, a
mulher só se arrependia da situação, tão dura e infeliz.
Oh, pobre de nós! E isso é triste, ter que sofrer tanta
miséria! Apenas algumas sopas de nada para o jantar. E ainda sem um grão de
sal! Oh, senhor, que vida mais triste a dos pobres. Apenas um prato de sopas e
ainda sem sal!
E enquanto estava a lamenter-se dessa maneira, a pobre mulher
estava a chorar e a deslizar as suas lágrimas sobre a sua face, as quais
iam para o interior da chaleira.
Depois de um tempo o homem levantou-se do tronco onde estava
sentado, aproximou-se da chaleira, provou as sopas e disse a sua esposa:
Mulher, não chore mais. Estas sopas já estão prontas: com
suas lágrimas a sopa já não precisa do sal. Nós já podemos comer. A vida,
afinal, não é tão triste quanto isso.
Eu espero que tenhas gostado deste escrito que eu dediquei
com muito amor ao meu pais Espanha.
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