Janeiro cinzento

Uma mesa portuguesa
Estou bem, não te preocupes por mim. Estou a fazer sempre coisas interessantes. Eu vou ao escritório todos os dias, trabalho muito, estou sempre ocupado com muitas reuniões e projetos, programas e muito mais. O tempo passa muito rápido de segunda a sexta feira, e os sábados e domingos ainda mais rápido. Sim! Sim! eu sei amiga, estamos sempre  a chorar e a queixar-nos deste tipo de vida que nós temos nas grandes cidades. Tanta gente por todos os lados com pressa, estamos todos a correr como loucos e quer queiramos quer não, aqui estamos agarrados. Parece que o tempo se vai das nossas mãos. Que estamos a fazer? Não há sol, não há luz, sempre chove e o céu está cinzento, o clima está frio e isto acontence durante oito meses. Não temos tempo para nada, ficamos cansados de tanto correr e esperar pelo comboio, o autocarro ou qualquer outro tipo de transporte. A gente não tem educação, ninguém olha para ninguém e cada um segue o seu camino. vai 


Assim é a cidade de Londres. Vamos ao bar, ao restaurante, mas não temos suficiente dinheiro para ir muitas vezes. As contas chegam todos os meses, a conta da água, da luz, do gás. Tudo é muito caro aqui, meu Deus! Agora é o Natal, agora é a Páscoa e os aniversários e outros mil acontecimentos que queremos celebrar. A vida tem mudado tanto em poucos anos. A Internet tem revolucionado tudo. Agora já não vamos ao banco, já não vamos à agência comprar bilhetes de avião, muitos serviços ficaram automatizados, ninguém precisa já das pessoas  – onde vamos chegar? chega! chega! A lista poderia seguir e seguir e ficariamos muito deprimidos. 

Se calhar há pessoas que acham que isso é muito bom. Eu não sei. Obviamente tudo é muito mais prático e rápido agora. Em breve só haverá trabalho para as pessoas muito qualificadas, mas que vai acontecer com todos os outros? Não percebo, não quero perceber. Que horror! Que está a acontecer? Como é possível viver numa cidade onde ficas na plataforma do comboio a esperar oito comboios para poder apanhar um? Incrível! Montanhas de gente às sete da tarde. É muito provável que estejas cansado de trabalhar todo o dia inteiro e depois ainda tenhas que lutar desta maneira para voltar para casa. As Pessoa todas no comboio como sardinhas enlatadas. Mas isso também acontece noutras cidades grandes. Isto é o preço que pagamos ao viver aqui.

Ainda com todas as coisas más, o telemóvel soa todos os dias com novidades - por exemplo. Coisas boas e coisas não tão boas. Um amigo, um vizinho com um convite para o teatro. O fim de semana passado foi o festival das luzes "Lumiere London 2017", por exemplo. Agora também temos o "Cirque du Soleil". A lista das coisas boas e magníficas é muito longa também. Museus com as melhores exposições no mundo inteiro ficam aqui nesta cidade. Mesmo sendo uma cidade que se calhar faz que uma pessoa se farte dela, Londres sempre oferecer aquilo que faz que nunca vás embora. Apesar do trânsito, da poluição, de tantos comboios, de tanta gente por todas as partes, Londres dá-nos oportunidades que nenhuma outra cidade dá. O que é que tu achas?


Janeiro dá-nos algo do que falar, o início do ano é um dos melhores momentos para reavaliar, reanalisar e pôr os pensamentos juntos. Já estamos quase no final do mês. O mais difícil já passou. E apesar do cinzento que janeiro pode parecer, este mês leva uma privacidade que nenhum outro mês oferece, só no inverno uma pessoa pode ter momentos mais longos e mais quentes, quando se pode disfrutar de ficar consigo mesmo. Vamos aproveitar este tempo para ficar ainda mais vivos, para dar as graças  à vida por tudo o que temos. Aprendamos a ser ainda mais felizes e preparemo-nos melhor para ser pessoas melhores. Assim descobriremos mais a fundo o valor da nossa vida e de cada dia. Tudo está connosco, só precisas de olhar e procurar e vais encontrar. É só como um conto, assim tão simples.
 

Nas profundezas do inverno, finalmente aprendi que, dentro de mim, havia um verão invencível - Albert Camus

Graças à vida que me tem dado tanto - Violeta Parra


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